Tenho visto muitos brasileiros preocupados com o aquecimento global, com o efeito estufa, com o degelo no Ártico e com as consequências da atividade humana no planeta. Há também um grupo de brasileiros que adotaram a visão das nações mais industrializadas, que dizem ser preciso preservar as florestas na América do Sul e na África, protegendo-as das investidas dos países em desenvolvimento, evitando a expansão da fronteira agrícola, da exploração dos recursos minerais e petrolíferos e garantindo a posse destas imensas áreas às "nações" indígenas, protegendo-as da ganância dos exploradores brancos.
Na visão destes esclarecidos protetores da natureza, os indígenas são as pessoas mais apropriadas para garantir a preservação destas áreas. Daí a criação de reservas contínuas, com milhares de hectares, para o uso de poucas centenas de indígenas.
Em primeiro lugar, entendo que os problemas que afligem o hemisfério norte, foram provocados pelas nações mais industrializadas, que habitam aquela parte do planeta.
Nós aqui, do hemisfério sul e dos países mais desfavorecidos em matéria de desenvolvimento humano e tecnológico, temos pouco a ver com isto. As nações mais industrializadas, do primeiro mundo, querem nos fazer crer que devemos abdicar de nosso desenvolvimento em prol do equilíbrio mundial, comprando deles os itens que nos fazem falta, sem estragarmos a natureza para produzir-los.
Acredito que, ao invés de tentarmos consertar o que acontece no quintal dos outros, o que é humanamente impossível, devemos nos preocupar com o que acontece no nosso próprio quintal.
Nesta parte do mundo, devemos nos abster de tentar comprar estas ideias que nos limitam e nos desviam do rumo a ser seguido.
Afinal, o que podemos fazer em prol do equilíbrio ecológico, regional e mundial?
Deixemos de lado os cantos de sereia que as nações mais industrializadas nos impingem e olhemos para nossos próprios problemas, que afetam a natureza e o equilíbrio ecológico em nossa parte do planeta.
Os indígenas não querem mais viver na floresta e dela tirar seu sustento. Vivem às margens das rodovias e estradas, cobrando pedágio, exigindo auxílio do governo federal, e vendendo a floresta para madeireiros clandestinos, além de venderem os recursos minerais para exploradores de todos os matizes, sejam "missionários", ONGs ou organizações internacionais sem tonalidade ideológica definida. O resultado visível são indígenas bem vestidos, com pick-ups e SUVs de última geração, que continuam exigindo proteção governamental contra os "invasores" brancos.
O que cada um de nós pode fazer é obrigar o governo a agir e cuidar do despejo de esgotos e material tóxico nos rios, lagos e lagoas e no próprio mar, evitar que os veículos automotores emitam mais gases tóxicos que o admissível na legislação e principalmente, evitar que as cidades continuem crescendo verticalmente, concentrando a população, os serviços e os dejetos e rejeitos humanos num único lugar, sem tratamento adequado e expulsando a população de baixa capacitação para cada vez mais longe do trabalho. O resultado é que o trabalhador depende cada vez mais do transporte público, que sabemos, não atende às necessidades diárias.
Se conseguirmos isto, estaremos dando uma imensa colaboração ao equilíbrio ecológico mundial. As nações mais industrializadas que cuidem dos problemas que eles próprios causaram. Que não nos imponham responsabilidade pelo que fizeram.
Tentar impedir as nações em desenvolvimento de buscar um crescimento industrial e cultural sustentável é um engodo que desvia o foco da solução global que interessa a todos.
Os brasileiros que compram esta visão européia do problema, devem abrir os olhos e procurar suas próprias soluções locais, já que para nós, aqui do hemisfério sul, é impossível resolver os problemas das geleiras do Ártico, o efeito estufa provocado pelo acelerado processo industrial do norte e a redução da camada de ozônio, que queima nossa pele diariamente, provocada pela produção de carbono residual, emitido pelas indústrias do hemisfério norte.
http://josefernandoesteves.blogspot.com.br/
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