Tenho recebido muitos e-mails fora do fluxo natural do Blog, com comentários sobre os fatos de nossa vida cotidiana, bem como cópia de matérias jornalísticas escritas por outros observadores dos fatos.
A maioria denuncia maracutaias de agentes do governo, envolvendo desvios de verbas, licitações superfaturadas, enriquecimento ilícito, etc. A estes, sugiro encaminhar os e-mails diretamente ao Ministério Público Federal (MPF), à Procuradoria Geral da República (PGR), à Advocacia Geral da União (AGU), Polícia Federal (PF) e à Receita Federal do Brasil (RFB).
Talvez adiante tão pouco como enviá-los para mim, mas pelo menos, estarão sendo enviados para os locais certos.
A questão que ultimamente tem deixado preocupados nossos leitores é o Leilão do mega campo petrolífero de Libra, a 170 km da costa brasileira (distância corrigida)
Quando nosso ex-presidente Lula anunciou sua "descoberta" (a Petrobrás já sabia de sua existência desde a década de 80, só não dispunha de Tecnologia para a prospecção, como não dispõe até hoje), os EUA ativaram imediatamente sua 5ª frota, desativada desde o fim da guerra da Coréia, e enviaram seus vasos de guerra para cima do nosso pré-sal. Ficaram lá ancorados por uns dez dias, sem maiores esclarecimentos ao governo de nossa Pindorama e depois se retiraram. parece que a 5ª Frota se dissolveu no ar novamente.
Especula-se que estariam fazendo suas próprias avaliações sobre a certeza e magnitude do campo submerso de petróleo.
Agora, com o leilão à porta, sob protestos nacionalistas do velho slogan "O petróleo é nosso" e pedindo a suspensão do leilão, descobre-se que as grandes companhias americanas, inglesas e holandesas (leia-se Exxon Mobil, BP e Shell Oil), não compraram o edital nem estão interessadas em participar do leilão. As que compraram o edital para tomar ciência de seu conteúdo, não confirmaram a participação.
Parece que será uma disputa entre a maioria de empresas chinesas, novatas no negócio, buscando ampliar sua participação no mercado. Espero que não acabem como a OGX do Eike Batista, aquele que seria o homem mais rico do mundo em quatro anos.
Leitores, estão acompanhando o raciocínio até aqui? Por que, depois que a 5ª Frota americana, fez suas próprias sondagens e prospecções, nenhuma grande petrolífera se interessou em participar do leilão do mega campo de Libra?
Será apenas pelas exigências nacionalistas de cobrar bônus de R$15 bilhões pela concessão e obrigação de entregar à Petrobrás mais de 40% do óleo extraído, além é claro, de outras garantias apaziguadoras dos ferrenhos defensores do "interesse nacional", que desestimularam o interesse no leilão?
Ou na verdade, o vencedor terá que investir pesado em desenvolvimento de tecnologia para perfuração a mais de 7.200 metros de profundidade, perfurando com custo mínimo de US$75 por barril, num mercado atualmente abarrotado de óleo? Será que a quantidade descoberta compensará os mais de 500 bilhões de dólares a serem investidos em 12 anos? Quem tem todo este dinheiro para investir?
Muitas perguntas. Nenhuma resposta plausível.
A Petrobrás está fora do negócio. Seu valor de mercado, depois das desastrosas intervenções da presidente Dilma Rousseff, está muito abaixo disto e não tem caixa para sequer sonhar em instalar uma plataforma no local. Só vai caftinizar os vencedores do leilão para receber sua parte, como operadora exclusiva do Pré-sal.
Na verdade, só saberemos se o pré-sal foi um bom negócio, daqui a pelo menos 4 anos.
Até lá, deixemos que as companhias estrangeiras se arrisquem no negócio. Se valer a pena, a Petrobrás poderá usar uma das áreas não licitadas para extrair seu próprio óleo.
Murilo,
ResponderExcluirÀ respeito da matéria do Hélio Fernandes que enviou para mim, tenho a dizer o seguinte:
Mesmo com pontos de vista diferentes sobre a exploração do Pré-sal, a matéria do dono da Tribuna trabalha com os mesmos dados que publiquei e fica sem resposta para as mesmas perguntas. Parece que escrevemos juntos, só divergindo entre os termos "entrega" e "permissão".
A verdade é que o custo da perfuração é astronômico e talvez fosse melhor deixar o petróleo onde está, como reserva para o futuro, quando teríamos a tecnologia e o preço do petróleo compensasse o custo de perfuração, mas o Lula abriu o bico e contou pra todo mundo da existência do Pré-sal, e agora se não ocuparmos o local, que fica a mais de 300 km da costa, corremos o risco de outros países dele tomarem posse. Afinal, a área fica no limite das 200 milhas e os EUA e a maioria dos países só reconhecem 12 milhas como mar territorial. Agora é ou dá ou desce!
Até o reconhecimento das 200 milhas como zona exclusiva de exploração econômica é discutível, uma vez que os orientais (Japão, Coréia do Sul e China) vem pescar em nossas costas e levam grande quantidade de frutos do mar sem manifestação do governo brasileiro. Você é pescador e sabe disto!
abraços.
J.F. Esteves.
Após intensas negociações no leilão, com a Petrobrás aumentando sua participação em mais 10%, ficando com 40%, a Shell Oil (holandesa) resolveu fazer um cacife de 20%, a Total Oil (francesa) cacifou mais 20% e as novatas chinesas CNOC e CCNP entraram com 10% cada uma, formando o único consórcio, o que evitou o fracasso do leilão. Até o Campo de Libra foi deslocado para mais perto da costa, agora está a 170 km.
ResponderExcluirSó resta desejar boa sorte a todas as petrolíferas do consórcio. Onde a Petrobrás vai arrumar o dinheiro para bancar 40% dos investimentos é outra história. vamos ver como arruma os R$6 bilhões para pagar sua parte no bônus de assinatura.
Bom dia, Esteves.
ResponderExcluirOuso discordar, apenas, por um detalhe: o chamado Campo de Libra localiza-se a 183 km da costa de nosso estado, enquanto nossa soberania sobre as águas territoriais (200 milhas) chegariam a 370 km, que seria nossa zona econômica exclusiva (ZEE).
Concordo que não temos tradição nem poderio bélico suficiente para nos defender até mesmo de eventual investida de uma republiqueta de segunda ou terceira linha da América Latrina. Como não estamos alinhados com os EUA, quem poderia nos defender: Rússia, Cuba?
Por outro lado, não conheço os detalhes desse leilão, mas, partindo de quem partiu, temo pelas armações nele incluídas, até porque algumas gigantes do ramo não se interessaram, visto que os desafios e os investimentos podem, perfeitamente, superar as expectativas.
Por fim, creio que a melhor política, no momento, seria sentar sobre tais reservas, se é que elas existem com o potencial alardeado.
Abraço,
Aledio