terça-feira, 22 de julho de 2014

O escorrega do PIB e a gangorra da Economia.

          Saiu a prévia do PIB estimado para 2014.  O BC já admite que vai ficar abaixo de 1%.  E ainda estamos em julho.  Faltam ainda cinco meses e a previsão do PIB para este ano vem derretendo desde o final do ano passado, quando o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, falava em 4,5% de incremento no PIB.   Veio caindo para 3,9%, 3,3%, 2,5%, 1,9%, 1,3% e agora ninguém tem coragem de fazer uma estimativa segura, dizem apenas que vai ficar abaixo de 1%, embora o governo ainda insista na visão otimista de um PIB de 1,8%, contra as expectativas do mercado.
          Como já havia dito na matéria anterior, vão faltar meses para fechar o ano de 2014 com superávit primário (aquele que é usado para pagar os juros da dívida, interna e externa), uma vez que a arrecadação federal também caiu, com renúncias fiscais, desonerações e reparcelamento de dívidas com a União, com redução drástica dos encargos legais.
           Com a orgia de gastos, renúncias fiscais, desonerações tributárias, perdões de dívidas e o assistencialismo predatório que garante eleição, não se podia mesmo esperar outra coisa.  A completa ausência de educação financeira da presidente da República, que levou sua propalada lojinha de artigos de R$1,99 à falência,  agora se replica no Tesouro Nacional.

          Depois da continuada redução de IPI, que sempre vai sendo estendida, para atender aos interesses das montadoras de veículos e eletrodomésticos da camada "linha branca" (preservando os empregos dos metalúrgicos do ABC paulista, berço do Partido dos Trabalhadores e da CUT, braço do PT), à queda da receita tributária, somaram-se as desonerações tributárias e perdões dos acréscimos legais de dívidas inscritas regularmente na PGFN.   Haja queima de caixa para destruir qualquer previsão, por mais pessimista que seja.
          O governo brasileiro, ofuscado pelos próprios erros nos fundamentos da política econômica e fiscal, relança a todo momento versões de estímulo à Economia, baseado no repetitivo e único tripé de ações: renúncia fiscal que inclui desonerações e parcelamento de dívidas com a União, crédito farto para o consumo e preços administrados das tarifas públicas.   O rombo do setor energético (petróleo e eletricidade) não parece afetá-los, nem o período eleitoral é adequado para fazer correções dolorosas para a população.
          Para as montadoras de automóveis, foi uma festa.  Com os metalúrgicos reféns de ameaças de desemprego, elas conseguiram quase US$40 bilhões em desonerações.  Em contrapartida, enviaram mais de US$22 bilhões de dólares para o exterior, à título de remessa de lucros para as matrizes.  Só caiu o valor do IPI dos carros.  As margens de lucro, as maiores do mundo, não caíram.  Investimentos em melhoria de produto e tecnologia, nem pensar.  Contentaram-se em importar ferramentaria superada nas matrizes, abrindo espaço para investimentos lá, enquanto aqui, compramos os veículos mais caros do mundo, com tecnologia de cinco anos atrás.   
         É, vai faltar ano de 2014 para fechar as contas públicas no azul, num pálido azul bebê, ameaçando ficar cor de rosa, senão vermelho mesmo.  Enquanto isto, a Economia ora sobe com a redução do IPI e o crédito ao consumo, ora desce com o fim das reduções e o esgotamento deste modelo de estímulo ao consumo interno.  Se as agências de rating baixarem a nota do Brasil, o FMI entra em campo novamente, e aí perder de 7 X 1 pra Alemanha, foi pouco ( 7% de inflação, contra menos de 1% de PIB)!
        Para complicar o saldo das transações comerciais, nos afastamos das grandes potências ocidentais, para nos atrelarmos à economias mambembes e falidas, além de nos aliarmos à Rússia e China, nos BRICs,  para fundar um banco de US$50 bilhões (US$10 bilhões para cada um, com sede na China e presidente indiano), estando a Rússia severamente envolvida na derrubada de um avião da Malasian Airlines, com a morte de 295 pessoas, e sujeita ao aumento das sanções internacionais e bloqueio de seus ativos no exterior. Corremos o risco de sermos arrastados para este turbilhão político e econômico do enfrentamento entre superpotências.  Vamos acabar financiando a destruição da Ucrânia e o armamento de Rússia e China, esta já envolvida em atritos crescentes com o Japão, pela posse de um rochedo marinho, estratégico para a segurança japonesa, que não vai entregá-lo de bom grado.  Já estão até reformando sua Constituição, herdada da derrota na 2ª Guerra Mundial, para permitir a reativação de suas forças armadas!  Não custa lembrar que os Estados Unidos e a Europa, estão ao lado das nações ameaçadas por estes gigantes geográficos e militares, os quais nos aliamos econômica e ideologicamente, através deste governo, numa jogada que parece um xeque mate para nossa Economia e Relações Internacionais.
           É, este ano vai ficar muito curto pra tantos erros de avaliação, de formulação de políticas e de alianças!   E a presidente da República ainda quer continuar no cargo, segundo ela, para fazer mais mudanças!  Será que o país aguenta?

4 comentários:

  1. Obrigado Fernando pelos magníficos textos.

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  2. Ótima análise caro Esteves!

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  3. Como eu queria que em Brasília, houvesse Homens Honestos como você, meu amigo!
    Parabens pelo artigo. Só uma única coisa que eu discordo: sobre os EUA. Eles não são amigos de ninguém. Realmente, a Rússia e a China como aliadas do PT, se ela vencer vai mesmo precisar ser abatida, pois muitos inocentes já abateu ela, no passado de guerrilheira e também na Era atual.

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    1. Agradeço por seu comentário.
      Que os Estados Unidos da América não são amigos de ninguém, todos sabemos, mas, pelo menos, são amigáveis e não estão a toda hora ameaçando invadir-nos. É a nação lider do planeta e, como tal, se tornou a polícia do mundo, se metendo em todo lugar onde considere que atinge seus interesses, políticos, comerciais e estratégicos.
      O que quis dizer em minha matéria, é que o Brasil deveria se aliar e colocar suas fichas internacionais, em comércio, diplomacia, tecnologia, cultura, etc., com os países mais avançados nestes objetivos. Ao invés, tem deixado de lado nossos parceiros tradicionais e grandes compradores de nossos produtos e investido em ditaduras e proto ditaduras de viés comunista e socialista, no Caribe (Cuba, Nicarágua, etc,), África (são onze países africanos dominados por ditaduras sanguinárias que o governo brasileiro perdoou as dívidas para que os empreiteiros brasileiros possam lá fazer mais obras) e no Oriente (Irã, Palestina, Coréia do Norte, China, etc). Destes, somente a China é interessante estrategicamente para o Comércio, os demais não. Mas, na China, onde os salários são de um dólar por dia, a exploração do trabalho escravo é aproveitada por todos os países do mundo, que de lá trazem produtos mais baratos do que fabricá-los em seus países. Razão da China estar fabricando e vendendo de tudo hoje em dia.

      abraços.

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