segunda-feira, 14 de setembro de 2015

A Liberação do uso, porte e consumo da maconha.



O Cânhamo e seu subproduto, a maconha!
        O cânhamo sempre foi ao longo da história, um produto essencial para a produção de cordames de navios e embarcações, confecções de tecidos (muito melhores e mais resistentes que o algodão), uniformes militares, calçados, bolsas e artefatos, papel, placas plásticas, remédios, perfumes e uma infinidade de produtos. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi utilizado no esforço de guerra como um material abundante e barato, de fácil manuseio e durável. Após o término da Guerra, foi novamente proibido porque também tinha suas folhas utilizadas com efeito alucinógeno e a empresa DuPont Chemical havia desenvolvido o fio de nylon e o estava lançando mundialmente, não querendo a forte concorrência da fibra natural de cânhamo, tão forte, resistente e muito mais barata que o produto derivado do petróleo, o ouro negro dominado pelos Estados Unidos. Foram os Estados Unidos, maiores vencedores da 2ª Grande Guerra, que obrigaram a proibição mundial de plantação e comercialização do cânhamo, sob a única alegação de se tratar de uma "droga" alucinógena.
          O cânhamo sempre foi utilizado, desde a antiguidade, mais pela utilidade de suas fibras do que pelos seus efeitos alucinógenos. A má fama do haxixe (maconha concentrada, onde seu extrato é misturado a um aglomerado neutro, pulverizado e transformado em "pedra", sendo ralada e adicionada ao tabaco para ser fumado), muito usado no Oriente e na antiga Pérsia, como estimulador de coragem para os guerreiros que se lançavam em missões suicidas em defesa dos reinos. Estes guerreiros ficaram conhecidos como haxixins (assassinos, na corruptela atual). pois ficavam corajosos o bastante para se lançar contra as hostes inimigas, matando e dizimando até serem mortos, pois não se rendiam.
         A barbárie só cessou naquela época, devido à proibição de comercialização e consumo.das folhas do cânhamo. Este, continuou a ser plantado e comercializado normalmente, aproveitando-se apenas seus caules fibrosos, posto que no oriente, toda a produção de cordames e tecidos se assentavam nesta planta.
          No momento em que se discute no nosso país, a liberação de posse e uso das folhas do cânhamo (maconha) para consumo pessoal, não olhar também para seu ciclo completo, que vai desde a seleção de semente, plantio, colheita, preparo, transporte, estocagem e venda, será deixar na mão de traficantes e contraventores o monopólio de sua produção e distribuição.. Precisamos discutir a plantação e comercialização do cânhamo com a máxima abrangência, inclusive o seu uso industrial, posto que assim, poderemos ter fazendas para a produção comercial do produto e sua destinação industrial. estabelecendo os controles para a comercialização de suas folhas, sob controle sanitário do Estado. O que não se pode é liberar e manter a produção e venda nas mãos do crime organizado, como fizeram nos Estados Unidos, no fim da Lei Seca, quando a máfia transformou-se de organização criminosa em industriais  e distribuidores bem sucedidos.
          Quando da promulgação da Lei Áurea, que libertou os escravos e foi assinada pela princesa real regente, na ausência do imperador, D. Pedro II, sem prever as bases para garantir emprego, moradia e educação para os escravos libertos, nem estipular alguma indenização para os investimentos feitos pelos fazendeiros com sua mão de obra escrava, tivemos dois efeitos claros e quase imediatos.  O Império Brasileiro caiu um ano depois. instaurou-se a República, pois os senhores de engenho quase foram à falência e se revoltaram, a produção de açúcar e álcool, base da produção rural e exportação brasileira, praticamente parou, e os escravos foram expulsos das fazendas, ficando perambulando pelas beiras de estradas, construindo abrigos precários nas várzeas inundáveis e sopés de morros (as favelas), abrindo espaço para a criação de uma classe miserável e desassistida, que não havia durante o Império.  Agora, se não atentarmos para os efeitos da liberação de uso e porte para consumo da maconha, sem atentar para todo o espectro de plantio e comercialização, estaremos incorrendo nos mesmos erros, só que desta vez, os "escravos" do negócio das drogas estão bem armados e as consequências serão imprevisíveis.

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