O anão diplomático rugindo como leão

          Que o Brasil fez sua opção preferencial pelos anões da política internacional, todos sabemos.  Apoiamos questões propostas por nações à margem dos centros decisórios mundiais, como se fossemos o veículo de comunicação entre os marginalizados e as grandes potências.  Sempre nos colocamos ao lado dos "fracos e oprimidos" como se fossemos uma nação poderosa e mediadora de conflitos, quando na verdade, somos o que somos!

          Um país sem poderio militar, sem armas que convençam nossos contendores a moderar suas aspirações políticas e econômicas contra nosso povo.  Sem um corpo diplomático, digno do nome, que defenda os interesses nacionais contra as investidas de nações que buscam vantagens contra nossos interesses.   Tivemos recentemente um Ministro das Relações Exteriores, que dava razão a nossos vizinhos latino-americanos em todos os pleitos, por mais absurdos que fossem.

          Assim, perdemos uma refinaria de US$1 bilhão para a Bolívia, em troca de US$140 milhões em petróleo a ser extraído pela própria Petrobrás em solo boliviano e à sua custa,  perdoamos sua dívida em dólares conosco, cedemos à reivindicação paraguaia de receber mais dividendos sobre a energia de Itaipú, sem considerar que o Paraguai não produz recursos para pagar as dívidas assumidas na Construção da Hidrelétrica de Itaipú, onde nos vende a maior parte de sua cota de energia por preços acima do mercado.

          Ajudamos a Argentina, em sua debacle econômica, em 2003,  com recursos em dólares para que pudesse continuar no Mercosul, este já totalmente carcomido e longe de suas metas iniciais, e permitindo que substituísse as importações de mercadorias do Brasil por importações da China, prejudicando-nos economicamente, à despeito dos recursos em dólares que enviamos para lá e das regras do Mercosul.

          Perdoamos dívidas antigas e não pagas de países africanos dominados por ditaduras sanguinárias e ricas, só para que, nosso ex-presidente Lula obtivesse êxito em seu lobby a favor de empreiteiras brasileiras, conseguindo novos contratos (que são negados, por cláusulas contratuais, a nações que não pagaram suas dívidas anteriores).  As comissões foram para seu bolso, a conta ficou para nós!

          Vem agora nosso desprestigiado Itamaraty (alusão ao palácio onde se abrigam os diplomatas brasileiros),  revoltar-se com Israel que nos considerou pequenos demais para condenar suas atitudes em defesa de seu Estado e de sua sobrevivência, como nação e como raça!  O Brasil não deu nem uma palavra sobre o morticínio na Síria e Iraque, até agora!  Nada sobre a Ucrânia, posta numa sinuca de bico pela Rússia, nossa aliada no BRIC (grupo de potências econômicas emergentes), que vai aos poucos engolindo o território ucraniano, á custa de muitos mortos e finge que não tem nada com isto!

        Obviamente,  não era a hora do Brasil se manifestar, favorecendo lado nenhum, mesmo porque as comunidades de ambos os povos são bastantes numerosas aqui.  Levou um pito, como levam os moleques inconvenientes que se metem em conversa de adultos.  Nesta guerra entre judeus e palestinos (povos descendentes do mesmo patriarca, Abraão), irmãos por parte de pai,  não se pode assumir a defesa de qualquer lado , sob risco de aumentar ainda mais o conflito (o apoiado sempre encontra novas forças para continuar atacando o outro).  A ONU, que conhece toda a história destes dois povos, se limita a lamentar a quebra do diálogo de paz e os mortos do conflito, de ambos os lados.  Por que, como membros da ONU e aspirantes à uma cadeira no Conselho de Segurança, não nos limitamos a apoiar a posição do Sr. Ban Ki-Moon, Secretário Geral da ONU?

           Ao invés, o rugido do leão sem dentes,  ofendido pelo pito público que levou e sem capacidade de morder o ofensor!