quarta-feira, 3 de julho de 2013

A Copa das Manifestações, por Kadu Wermelinger.

Publico artigo enviado pelo filho de um grande amigo.  É a visão de um jovem sobre os acontecimentos recentes.
É a Copa das Manifestações!
           De um lado o povo.  Um time sem técnico que possa orientá-lo e sem posições muito definidas, cada um meio que por si, tentando marcar um golzinho para ter um gosto de conquista. Trajando o verde e um amarelo, a muito tempo guardados, busca minimizar o fato de ser vandalizado diariamente pelo abuso do poder cometido pelos nossos "monarcas".  Impostos, corrupção e apenas interesses, não digo privados (pois nos faz lembrar das empresas), digo particulares, agravam a sensação de ser estuprado pelo adversário.
           Do outro lado o Estado incoerente, corrupto e manipulador. Este, trajando uma farda mista de azul, preto, vermelho, amarelo, verde...e por ai vai. Com técnicos desconhecidos que determinam as estratégias, este time acaba tornando-se complexo, de excelente entrosamento e cheio de jogadas ensaiadas.  Preciso como uma lâmina cirúrgica no ataque.   Não se enganem com a pluralidade de cores, é tudo para despistar. Faltou falar da torcida, que para variar...  Liguem a tv.
          “Apitando”, temos o Judiciário. Com a obrigação de começar a pelada dando a bola para o dono do jogo, que é também dono do estádio, só que não dos ingressos, da cerveja ilegalmente vendida no recinto e da propaganda que colore a visão do espectador. E se o Estado está em impedimento? Ahhh, meu companheiro, vamos revisar essa regra ai, impedimento só de lá pra cá. E se o Estado faz pênalti? Tiro livre indireto. E se o povo faz falta no meio de campo? Pênalti sem goleiro com direito a dois cartões amarelos, um pela falta e outro por falar que foi falta ao invés de pênalti (assim mascaramos o vermelho). Uma beleza de arbitragem com a inesquecível narração de chocolates bueno.
          O placar final? Preciso falar? Ou seu sentimento de cidadão lhe responde? O Estado é detentor da força meu caro, vai questionar? Não? Por que não? Não adianta nada? Seria só você reclamando?...Bom, caro leitor, essas eram questões comuns a algumas semanas atras, mas, com o observar dos fatos, venho me questionar se o brasileiro tem a capacidade de levar à frente uma manifestação tão séria na qual abdicou do senso comum e foi à luta. Gostaria de ter visto o mesmo para o mensalão. Para escândalos federais, estaduais e municipais. Por melhores hospitais, escolas e salários para professores, médicos e policiais. Manifestações contra o bolsa-presidiário e os aumentos abusivos dos salários dos políticos. Do excesso de ministérios para fins apenas políticos e entre outros milhares de escândalos com seus 15 minutos de mídia. Os manifestos dizem que o aumento no preço da passagem foi a gota d'água, mas será que vai continuar? Será que não vai parar mesmo nesses R$0,20?  Querer que não pare é uma coisa, fazer é diferente. Seria o brasileiro capaz de dispender tanta energia para remediar a realidade política, econômica e social, confrontado o Estado toda vez que discordar de algo? Eu acredito que sim, é possível, mas será um processo demorado e doloroso pois, como notamos, apenas temos o apoio de mídias estrangeiras e das redes sociais que, por sinal, ambas estão acessíveis apenas para uma pequena proporção da população.
         Paro de lhe perturbar com minhas opiniões, concluindo que este time enfraquecido e desbotado pode até marcar um gol a favor.  Entretanto, a realidade só vai mudar quando os que se fazem cegos ou aleijados tiverem boa vontade de abrir os olhos, os necessitados (e as vezes não) não venderem seu voto por um auxílio mensal, e quando os beneficiados por um grau de educação melhor motivarem reflexões sobre a realidade vivenciada.  É justa?  É coerente?  E então iniciarem o processo de reivindicações. Um processo de mudança talvez tenha começado. Espero que estas manifestações incentivem os brasileiros de maneira geral a lutar por seus direitos e pressionar seus governantes acomodados. Espero que você, leitor, manifestante ou não, se conscientize que remediação não é cura, apenas a prevenção traz resultados significativos. Talvez cedam os R$0,20, talvez não...  Mas já tivemos uma “vitória", estamos reaprendendo a reivindicar.

http://josefernandoesteves.blogspot.com.br/



Um comentário:

  1. Aledio Pacheco do Nascimento3 de julho de 2013 às 23:55

    Aledio Pacheco do Nascimento
    09:51 (13 horas atrás)

    Bom dia meu caro Esteves.
    Partindo de um jovem, sinto que nem tudo está perdido.
    Sua visão crítica é perfeita.
    Muito boa a matéria, para não dizer excelente.
    Apenas uma curiosidade: por acaso o Kadu Wermelinger, autor
    do artigo é filho de Eduardo Wermelinger?
    Abraço,
    Aledio

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