Numa época de
intervencionismo econômico, protecionismo no comércio exterior e substituição
das importações, sob a ótica de proteger o superado mercado interno das inovações
tecnológicas que vem de fora e causam desocupação funcional aqui dentro, o uso
de funcionários aduaneiros despreparados e sem treinamento tem sido usado para
atrasar o fluxo de comércio exterior, causando um entrave burocrático que ajuda
na contabilidade da balança comercial.
Algumas
exigências são estapafúrdias e invertem o ônus da prova, como a exigência feita
ao importador de apresentar listas de preços de concorrentes e de preços de
mercado da mercadoria, para comprovar que não está havendo sub ou
superfaturamento na importação, tarefa iminentemente fiscal, repassada ao
importador.
Por outro
lado, no aspecto da legislação, temos Portarias Ministeriais alterando Leis e
Decretos, hierarquicamente superiores.
Temos até Instruções Normativas fundamentadas em outra Instrução
Normativa, num emaranhado legal, que somado ao despreparo profissional e um
desconhecimento histórico do papel da Aduana, produzem os resultados esperados
pelo Governo.
Fica cada vez
mais difícil importar. Sobretaxações
dificultam ainda mais. Se neste momento,
isto atende às tentativas do governo de garantir empregos aqui dentro, mais à
frente, isto vai nos trazer problemas insuperáveis, estagnando nossa combalida
economia.
De ciclo
virtuoso passamos á construção de um círculo fechado, sem possibilidades de
desenvolvimento e crescimento, servindo apenas de proteção momentânea contra a
tempestade econômica e financeira que se abate sobre o mundo, mas depois não
conseguiremos ter agilidade suficiente para transformar este círculo fechado em
um novo ciclo virtuoso.
Não há investimentos
em qualificação profissional nem nenhum estudo sério para modernizar a
legislação aduaneira, dando agilidade a um mercado internacional altamente
competitivo onde se ganha e perdem-se clientes do dia para a noite. Quem produz mais, melhor e por menor preço,
vende mais.
Não é
segurando produtos na fronteira, como faz a Argentina, que sairemos da dificuldade
em deslanchar nossa economia. O PIB de
2012 foi pífio e a estimativa do PIB de 2013 vem sendo reduzida mês a mês.
Substituir
importações só serve para produzir aqui dentro produtos que já saíram de linha
lá fora. Gera empregos aqui dentro, mas
não serve para vender o produto lá fora.
A balança comercial continua deficitária.
Segurar
produtos na fronteira gera reação idêntica lá fora, sem benefícios para
ninguém. É melhor estabelecer cotas de
importação temporárias por país que se tenha relações comerciais.
Hoje apoiamos
nossa política de exportações basicamente em “commodities” (minérios, café e
soja), como se nossos parceiros internacionais não tivessem outro lugar para
comprar. Acho melhor nossas autoridades
voltarem a ler jornais. De exportadores
de álcool (etanol) de cana de açúcar, passamos a importadores de etanol de
milho dos Estados Unidos.
Há pouco tempo
dizia-se que os Estados Unidos não conseguiriam produzir etanol suficiente a
partir do milho, que era usado como base alimentar dos americanos, enquanto nós
poderíamos produzir etanol à vontade, a partir da cana de açúcar, muito mais
produtiva que o milho. Está aí o
resultado da falta de acompanhamento dos fatos internacionais. Se não fosse o etanol americano, estávamos mal
arrumados com a política governamental de segurar os preços dos combustíveis.
Hoje os
americanos exportam etanol para mercados que antes eram nossos. Teremos agilidade para recuperar estes
mercados?
A Vale não é
mais a maior mineradora do mundo, mas a terceira. A Petrobrás, de segunda petrolífera, caiu
para sétimo lugar. Que avisos mais o
governo precisa?
Não custa
lembrar que entraves burocráticos são o oposto da desejada agilidade.
Resultados
positivos imediatos com esta política protecionista atrapalham a visão do
futuro, cegando os formuladores da política econômica.
http://josefernandoesteves.blogspot.com.br/
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Muito bom o post bem bacana !!
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