quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A POLÍTICA ECONÔMICA INFERNAL



           Assistimos o País passar por momentos delicados, tanto política quanto economicamente.
No front político, a eleição para o comando das duas casas legislativas de políticos suspeitos de inúmeras irregularidades, nepotismo e desvios de recursos públicos, deixam apreensiva a Nação.

         Temos a impressão que o ar puro que soprou no julgamento da Ação Penal nº 470, que condenou diversos líderes do partido situacionista, seus aliados e colaboradores, acabou.   O ar ficou pesado novamente e a Nação aguarda que se abram as janelas para sair o mau cheiro reinante no cenário político em Brasília.

          No front econômico, vemos a presidente e seu ministro da Fazenda se enrolando cada vez mais na condução da política econômica, tendendo cada vez mais para um intervencionismo ultrapassado, que não deu certo no passado e empaca a economia no presente.

          Dou a isto o nome de Política Econômica Infernal, dado as tentadoras e fascinantes soluções que se apresentam para o controle da inflação e das contas públicas.

         Parece simples e fácil congelar preços de produtos essenciais.  Zera-se a inflação na hora.  Pelo menos parece.  Na realidade, vemos o represamento de preços esvaziar as prateleiras e a industria não  repõe o produto porque o preço dos insumos sobe livremente e não vale a pena fabricar para vender abaixo do custo. Vem o racionamento e os saques. Basta olhar para a Argentina e Venezuela que estão seguindo por este caminho.

         E a solução do cambio livre, mas sob controle?  não é uma idéia aparentemente boa? Um paradoxo que só cabe na cabeça dos iluminados de Brasília. Com o câmbio controlado, estimula-se a exportação, obtém-se superávits comerciais e pode-se conter os preços internos.  Não é sedutor e fascinante?  O diabo também acha.  Na realidade cambio artificialmente controlado, estimula a corrida à moeda estrangeira, o cambio paralelo explode, há dificuldades de fechar contratos de câmbio, os parceiros internacionais reclamam e os investidores internacionais desaparecem.

          E a idéia de estimular o consumo interno através do crédito fácil e endividamento pessoal, que andou estimulando uma falsa expansão da indústria que agora se esgota? Esta então, deixa o diabo muito feliz.
         Logo esta política chega à exaustão.  Com a capacidade de endividamento para consumo e não produção esgotada, a industria começa a patinar, retrai e inicia um processo de dispensa do excesso de funcionários.
          Aconteceu nos Estados Unidos e Europa recentemente e vimos no que deu:  Pessoas desempregadas não pagam dívidas, os bancos retomam bens não quitados, não tem pra quem vender, acabam no prejuízo e quebram e a economia entra numa espiral estonteante de desmoronamento.
          Esta política só serve em momentos de paralisia do fluxo de comércio internacional.  Depois, se não for revertida, priorizando-se a exportação de produtos competitivos e a bom preço, a economia passa a funcionar somente para o mercado interno, diminuindo os excedentes exportáveis, sofrendo atrasos tecnológicos que comprometem a competividade e aumentando a importação de bens e insumos para a produção interna.  Resultado: Déficit crescente na balança comercial.

        Mexeram nos pilares do Plano Real e agora querem mudar a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), para desonerar tributos sem indicar fontes alternativas de receita tributária. É preciso ser economista pra saber no que vai dar?  Pois é, queda na arrecadação, criação de novos tributos e aumento de alíquotas em outros.

          Todo o controle dos gastos públicos deste governo se resume a conter a expansão da massa salarial dos servidores públicos, que acabam pagando a conta da gastança governamental sem freios.  Quase um ano de greve do funcionalismo não acordou o governo.  Acha que venceu porque atirou migalhas e o funcionalismo aceitou.  Mas assim como o aumento concedido à Petrobras, para reajustar os preços da gasolina e diesel, não resolveu, mas agravou o problema, no caso do funcionalismo o reajuste não agradou ninguém e desmotivou a maioria, o que é muito perigoso.

       Quando começarmos a emitir dinheiro para pagar as contas, como faz atualmente a Argentina, estaremos perto do fim do plano real e na alvorada de um novo plano econômico, como os muitos que já enfrentamos.

         Soluções?  Deixar os preços livres, investir em educação e novas tecnologias, infraestrutura de energia, transporte intermodal, qualificação de mão de obra, etc.  Tudo que se fala desde o início do Plano Real e se fez muito pouco.  Quando o dinheiro acabar, não vai dar pra fazer mais nada.  Comecemos logo então.  Vamos corrigir com valentia os rumos erráticos de nossa política econômica e sobretudo, não emitir dinheiro sem lastro no PIB.  Este será o pior dos venenos.

http://josefernandoesteves.blogspot.com.br/

2 comentários:

  1. Marcos Teixeira Tavares.15 de junho de 2013 às 12:11

    arcos Teixeira Tavares
    13 jun (2 dias atrás)

    Excelente texto Esteves! Resta saber se haverá algum iluminado que queira investir nas soluções.

    Abç.

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  2. Ótimo trabalho, Esteves. Graças a Deus os jovens deste país estão dando uma lição de reação. E em breve, análises com esta que vc proferiu a tanto tempo, serão extemporâneas. Porque os meninos do Brasil estão chamando a sociedade, para que acorde de seu berço esplêndido, dando verdadeira demonstração de que os filhos desta terra não fogem à luta.

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