quinta-feira, 7 de março de 2013

O Chavismo sem Chavez.

          A morte de Hugo Chavez deixa órfãos seus aliados na Venezuela que terão que prosseguir com o Chavismo sem Chavez,   Ele não deixou uma cartilha a ser seguida, com planejamento ou idéias que apontassem um rumo.  Era um líder personalista e centralizador que decidia à medida que as situações se apresentavam.
          Seus aliados regionais na América Latina, também apoiavam suas idéias e agiam de forma semelhante a seu mentor, sem saber contudo se o "bolivarianismo" significava a união dos países numa nova nação ou se era uma doutrina de integração entre os povos latinos por onde Simon Bolivar andou.
          Mas, que doutrina?  Será que seus seguidores encontrarão os manuscritos ou pen-drive onde foram alinhavadas pelo menos as linhas gerais do pensamento do líder?
          Sabia-se que elegeu os Estados Unidos como o inimigo a ser combatido, embora continuasse tendo-o como o maior parceiro comercial, tanto para as exportações de Petróleo, que junto com as candidatas a Miss Universo, parecem serem seus únicos produtos de exportação, quanto às importações de alimentos e manufaturados, cuja maior parcela vinham do parceiro execrado como demônio.
          Aqui como lá, uma oposição acovardada pelos próprios pecados e temerosa de vê-los expostos à luz do dia, permitiu a ascensão do líder, que colocou nos maiores cargos da república, nos três poderes, seus aliados e fieis seguidores.  Conseguiu tomar a sí, com a submissão do Congresso, a edição de leis e normas, fazendo passar tudo o que queria, inclusive a reeleição sem limites.
          Seu indicado herdeiro político, Nicolas Maduro, talvez para demonstrar que conhece a linha de pensamento do chefe, já lançou a suspeita com tintas de acusação de serem os Estados Unidos responsáveis pelo cancer contraido por Chavez.   Não importa a verosimilhança da acusação, o povo em comoção nacional, acredita em tudo que venha dos líderes, que tudo sabem.
           Não demora surgirão "provas" destas acusações.   Os Estados Unidos que quase sempre silenciaram, deixando Chavez lançar seus quixotescos desafios à mais poderosa nação do planeta sem alimentar polêmica, desta vez vieram à público desmentir às tresloucadas acusações.  Se calassem, tudo seria tido como verdade.
         Mas, a semente do novo Chavez ou seu herdeiro, foi plantada.  A linha a ser seguida será esta.  Acusar os Estados Unidos por todos os males da Venezuela, enquanto fecha com ele os negócios que mantém a Venezuela funcionando.
         Será difícil para Maduro sustentar os longos monólogos de Chavez nas emissoras de TV do país, aprendidos com seu ídolo, Fidel Castro de Cuba, o mestre nesta arte.
          Será difícil principalmente controlar a inflação em alta, as exportações de petróleo em baixa e a política assistencialista que mantém os preços artificialmente baixos, à custa de subsídios que sufocam a economia venezuelana.  Ninguém consegue produzir para vender pelos preços que o governo impõe.  A PDVSA, estatal venezuelana do petróleo, vende gasolina por um preço dez vezes menor do que custa produzí-la, ou importá-la, já que a empresa está com a maioria das refinarias paradas.
          Apoiada unicamente nos preços internacionais do petróleo venezuelano, de boa qualidade, esta política caminha inexoravelmente para a exaustão e pode custar caro ao povo venezuelano se não for alterada de forma moderada, mas constante.
           Para o povo venezuelano, o preço da gasolina é aquele artificialmente baixo e alterá-lo constituirá um quebra do pacto chavista com a população.   Sua revolução talvez não resista ao momento da verdade.


Vice-presidente da Venezuela Nicolás Maduro se emociona ao anunciar morte de Hugo Chávez
Foto: HO / AFP



















      Maduro anuncia a morte de Hugo Chavez em rede nacional de TV.

          Sozinhos,  os novos líderes terão que encontrar as respostas a todas estas questões ou serão acusados de destruir a revolução bolivariana.
          A falta de unidade, as brigas internas por disputa de poder e as acusações de não estar seguindo as idéias do chefe (que ninguém do grupo sabe ao certo quais eram), podem desestabilizar Nicolas Maduro, lançando a Venezuela em incertezas que podem contaminar seus vizinhos, bolivarianos ou não.

http://josefernandoesteves.blogspot.com.br/

          




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